Será que é um quadro bonito?
O ano que vem o Brasil sedia a Cop30 em Belém, no Pará, em plena região amazônica. A ideia inicial era mostrar um quadro positivo, de reversão dos desmandos praticados pelo governo anterior, mas, na toada da carruagem, será que é isso que os líderes dos outros países irão ver?
A primeira grande dificuldade é que Belém não tem uma rede hoteleira para receber um evento dessa magnitude. Não sei quais as alternativas e soluções para o problema, mas ele é impositivo, quer dizer, contra fatos não há como se discutir ou querer mostrar que não é bem assim. É. E fim de papo. Não tem o que fazer.
Mas há mais, agora no campo das conquistas a serem mostradas. Começando pela questão indígena, não há nenhuma indicação de que a realidade dos ianomamis tenha mudado de um governo para o outro ou, se mudou, foi para pior. O abandono da outrora poderosa nação indígena segue firme e forte, com todas as mazelas do governo anterior.
É claro que o país não pode ser responsabilizado pela seca extrema que atingiu a região amazônica, transformando o gigantesco rio Solimões num regato pouco profundo. Mas não se pode eximir o governo da demora em tomar providências para enfrentar uma crise anunciada.
O mesmo vale para as queimadas e incêndios florestais que incendeiam o Brasil de norte a sul, na maior ocorrência deste gênero desde que se tem alguma estatística sobre os estragos causados pelo fogo.
Se o governo demorou para agir, apesar de saber com bastante antecedência o que estava por vir, depois que as ações começaram, também foram abaixo das necessidades, com menos gente, equipamentos e planejamento do que seria minimamente indispensável.
É com este quadro que vamos para a Cop30. E ainda tem mais coisa ruim que pode acontecer antes dela. Será que ficaremos bonitos na foto?
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