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Calor Abissínio Plus

Eu já escrevi que minha avó quando o calor atingia um grau quase insuportável, dizia: “está fazendo um calor africano”. Quando o estágio seguinte entrava em cena, ela mudava a frase para: “está fazendo um calor abissínio”. Não sei quais os parâmetros que ela empregava para criar sua tabela de temperatura, mas fazia sentido, pelo menos para explicar o que ela sentia em termos de calor.  Muito quente: africano; mais quente ainda: abissínio. E todo mundo compreendia.

Só que a realidade foi além e São Paulo tem vivido dias em que a definição de “calor abissínio” é insuficiente para definir o quadro. O calor está mais quente. Então minha solução para solucionar o problema é criar escalas para o “calor abissínio”. Calor abissínio plus. Calor abissínio Bronze. Calor abissínio Prata. Calor abissínio Gold. Calor abissínio Platina e assim sucessivamente, à medida que o calor aumentar.

Porque, como dizia um antigo líder sindical, “pode ser que não esteja hajando, mas que já hajou, hajou e que harará, harará”.

Esta é a única certeza: “que harará, harará”. Só não se sabe quando.

Ainda é um projeto embrionário. Estou na formatação do primeiro modelo para depois fazer os testes de campo iniciais e confirmar se as premissas utilizadas se sustentam. Em caso positivo, serão necessários testes de stress para verificar a resiliência da proposição e, depois, a discussão com cientistas afeitos ao tema para criar a formatação definitiva e a escala pós abissínia necessária para definir os estágios do calor absurdo que toma o planeta de assalto e São Paulo de forma particular.

O grande problema é a limitação material da escala. Depois de platina, temos diamante e podemos criar nióbio e outras parecidas, mas é uma escala limitada, finita, e o calor tem se mostrado insaciável em sua sanha expansionista. Enfim, é um começo. Quem sobreviver verá. 

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.