As pitangas chegaram
As pitangas chegaram, mas elas não têm nada com as chuvas que também chegaram. Não houve combinação prévia, é tudo mera coincidência. Aconteceu das chuvas e das pitangas escolherem o mesmo momento para entrarem em São Paulo. Aliás, é preciso dizer que, nem se quisessem, as pitangas teriam condições de interagir com as chuvas. São Paulo não tem tantas pitangueiras plantadas e, mesmo se tivesse, a natureza – e seus fenômenos – é mais poderosa que todas as pitangueiras somadas e multiplicadas por cinco.
O máximo que as pitangas poderiam fazer seria caírem, arrancadas pelas ventanias que acompanham as tempestades, fazendo a chuva entrar de lado e passar pelos vãos das janelas.
Bom mesmo é comer fruta no pé. E as pitangas, com seu amarguinho particular, ficam melhores ainda. Foram feitas para serem comidas no pé. A gente chega, rodeia a pitangueira, procura as frutinhas mais vermelhas, arranca do galho com cuidado e come uma, duas, três, quantas forem alcançáveis ou nossa vontade aguentar.
As pitangas são frutas tipicamente brasileiras e as pitangueiras são árvores que podem ficar imponentes, altas e largas, com seus galhos engrossando com a passagem dos anos. Algumas pitangueiras crescem bastante e dá gosto vê-las ocupando seu espaço, disputando tamanho com outras árvores como os ipês.
Em época de pitanga, seria para as pitangueiras se entregarem à festa com tudo, donas do pedaço, mas nem sempre é isso que acontece. A safra das jabuticabas é próxima ao momento das pitangas, então, às vezes, as duas safras entram juntas e as pitangas nem sempre levam vantagem. E o quadro fica mais complicado quando algumas amoreiras decidem retardar seu momento. Quem ganha somos nós, que temos várias frutas no pé.
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