A inversão da inversão
De repente o mundo mudou completamente, de todos os jeitos e de todos os lados, ou para todos os lados. Tanto faz, mudou e não tem volta. E a mudança não foi para melhor.
Tem muito para ser estudado e mais ainda para ser compreendido, mas o fato é que o comportamento social está deixando os parâmetros mínimos de convivência social em favor de uma realidade baseada em agressividade, baixaria e egoísmo.
“Quero tudo porque tenho direito a tudo e se não pegar por bem vou pegar por mal”. O importante é ser rico e ostentar a riqueza, mostrar mansões, carrões, barcões e aviões e no desempate ganha quem tem helicóptero, de preferência de rodinha.
Que saudade da frase que ouvi há mais de 40 anos de um senhor alemão absurdamente rico: “dinheiro se tem, não se fala”.
Hoje é o contrário: se tem e se mostra e se não tem, faz de conta que tem. E mostra. Como ganhar é um outro problema. Meio que vale tudo, de chute abaixo da linha de cintura para fora. É briga de cachorro grande. Então vale ir embora e voltar armado pra descarregar a nove milímetros no outro.
O triste é que nessas barbaridades acaba morrendo quem não tem nada com isso, só estava no lugar errado, na hora errada. Mas leva três balaços que não eram para ele, como dano colateral.
Isso para não falar nos acidentes deliberadamente causados com carrões importados que ninguém sabe como o cidadão compra, porque, de acordo com a renda média nacional, simplesmente não dá para comprar.
Diz um sociólogo conhecido que não tem o que fazer. Daqui pra frente só vai piorar e vai piorar muito antes de melhorar, se é que vai dar para melhorar. Entre mortos e feridos, a violência nunca esteve tão brava, mas, tudo bem, se o cidadão levar vantagem, está tudo certo.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.