O bom exemplo ao contrário
[Crônica de 27 de julho de 1998]
A moda de guiar de marcha ré com pisca alerta ligado vai ganhando popularidade numa velocidade impressionante e bem maior do que a permitida pelo novo código de trânsito nas áreas urbanas.
A cada dia que passa mais e mais estafermos aderem a ela, dirigindo seus carros, normalmente em rua de tráfego intenso, com o pisca alerta ligado e vindo de ré, em cima de quem vai na mão certa e andando para a frente.
Se a mania continuar por mais seis meses, acho que seria caso da montadoras reverem seu produtos, para modificarem os câmbios, incluindo uma marcha para a frente e cinco para traz.
O abuso é de tal ordem que, voltando do Guarujá, na saída da Imigrantes para pegar a avenida dos Bandeirantes, quase tive um desastre sério, por conta de um gênio que vinha – pasmem – de ré e pisca alerta ligado, com um Fiat Tipo, tentando retornar para pegar a saída antes do viaduto, que ele havia passado. Não fosse meu carro ter freios bons e a vaca teria ido para o brejo.
Mas, mais grave do que esta situação, por ser tão perigosa quanto e no mínimo mais absurda, pelo veículo envolvido, foi a que eu presenciei o outro dia, vindo para a rádio.
Um guincho que tecnicamente é um auxiliar das autoridades de trânsito, e que como tal deveria dar o bom exemplo, vinha de ré, radiante da vida, com o pisca alerta ligado, rua Jaceguai abaixo, logo depois da saída da ligação leste/oeste.
E não pense que o guincho vinha só para estacionar na beira da ligação Leste/Oeste, fora de suas pistas, na subida a rua Jaceguai. Não, ele vinha para entrar na ligação, de ré e na contramão, mas com pisca alerta ligado.
E, o que é acachapante, vinha, viu e venceu, quer dizer, com jeito e impondo todo o seu tamanho, ele entrou na ligação, engatou primeira e foi-se embora.
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