A capela da Penha
[Crônica de 10 de março de 2005]
“Capela de Nossa Senhora do Rosário da Antiga Irmandade dos Homens Pretos da Freguesia da Penha de França – Testemunha Histórica da Solidariedade no Sofrimento e da Esperança na Redenção”.
É nome para deixar qualquer um arrepiado. É uma beleza e é o nome oficial da antiga capela da Penha, que teve o pedido de construção formulado em 1802, quando São Paulo era menos que quase nada, e a Penha ficava longe e era onde os viajantes paravam, como primeiro ou último pouso na longa jornada pelo caminho do Rio de Janeiro.
A capela antiga é maravilhosa. Se a grande igreja atual impõe pelas linhas grandiosas, a capela antiga, milagrosa nas epidemias, impõe pela poesia de suas linhas simples, tipicamente paulistas em sua arquitetura de cidade pobre.
Capela da Antiga Irmandade dos Homens Pretos da Freguesia da Penha de França. Irmandade irmã dos Homens Pretos de Nossa Senhora do Rosário. Nossa Senhora do Rosário do largo do Paissandu, para onde levaram a igreja quando a cidade quis crescer e passar por cima da capela centenária, erguida pelos homens pretos da vila de São Paulo, no começo da avenida São João.
Quem me contou o nome correto da capela da Penha foi Silvio Bontempi, historiador do bairro e profundo conhecedor das coisas desta cidade. Quando ele descobriu que eu tinha um enorme carinho pelo nome completo da igreja do Rosário, ele me deu o nome completo da capela velha da Penha. E um é tão bonito quanto o outro, sendo que o nome da Penha tem mais poesia, ou paixão, no complemento maravilhoso: “Testemunha Histórica da Solidariedade no Sofrimento e da Esperança na Redenção”. Beleza, dignidade e humildade dão nisso.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.