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A Sucuri de Barra Bonita

De repente lá estava ela. Primeiro, escondida na vegetação e, depois, subindo a barragem, usando uma escada como apoio. Durante dois dias, uma sucuri adulta foi vista na Barragem de Barra Bonita no interior de São Paulo. Os alunos que participavam da viagem do navio de turismo que navega na região tiveram a oportunidade de ver a maior cobra das Américas solta na natureza. Algo relativamente raro nas últimas décadas, quando sucuris, onças pintadas, jacarés e outros animais antigamente comuns no estado praticamente despareceram de São Paulo.

A sucuri é uma cobra impressionante, que, adulta, atinge fácil os seis metros de comprimento, sendo que já foram observadas ou caçadas cobras com mais de oito metros. 

Elas se alimentam de animais que caçam, normalmente nos bebedouros, nas lagoas e rios do interior do Brasil. Diz a lenda que chegam a atacar bois e os bezerros fazem parte regular de sua dieta. Entendidos dizem que a sucuri não ataca o ser humano, mas meu cunhado, fazendeiro no Maranhão, desmente a afirmação. Ele conhece um homem que foi atacado por uma sucuri quando atravessava uma pinguela em cima de um riacho. A cobra deu o bote em sua perna e tentou puxá-lo para a água, mas o homem sacou seu facão e o enfiou na cabeça da sucuri, matando a cobra.

No livro “Diário de Navegação”, que narra uma “monção” entre São Paulo e Cuiabá, no século 18, os “minhocões” gigantes são comuns ao longo do Tietê e são um risco para as pessoas incautas que não prestam atenção à sua volta.

Com o progresso e o desmatamento do estado, as sucuris praticamente desapareceram dos rios paulistas, mas o quadro começa a mudar. A sucuri de Barra Bonita e várias onças espalhadas pelo estado são a prova de que a vida selvagem está voltando. 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

     

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.