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Os rios mortos

Segundo a SOS Mata Atlântica, os rios Pinheiros e Tietê, na Região Metropolitana de São Paulo, seguem em condições péssimas e ruins. São verdadeiros rios mortos, sem condições mínimas de receberem e darem suporte à vida.

É triste. Já faz muito tempo que os dois rios são alvos de campanhas, a primeira capitaneada pela Rádio Eldorado, na década de 1990, quando um abaixo assinado com mais de um milhão de assinaturas deu início a um amplo projeto de recuperação do Tietê, que, ao longo dos anos, apresentou resultados positivos, mas ainda insuficientes para resgatar uma qualidade mínima para suas águas.

Ao longo do tempo, as capivaras redescobriram São Paulo e se instalaram nas margens dos dois rios. Atrás delas, vieram jacarés, que não deram conta do recado e, depois de uma curta temporada tentando se adaptar ao meio ambiente urbano, voltaram para o interior, desistindo de implantar um parque de caça de capivaras na Capital.

Apoiadas em sua enorme resistência às condições de vida mais adversas, as capivaras se instalaram na cidade e hoje são atrações turísticas, consideradas bichinhos simpáticos, apesar de serem enormes ratos, transmissores de doenças letais, como a febre maculosa.

As capivaras vão de vento em popa, pastando nas margens dos dois rios. Mas, além delas, só uns poucos peixes conseguem dar o ar da graça nas águas poluídas do Tietê e do Pinheiros.

É verdade, ainda há esperança e ela vem do Governo do Estado, que garante que lá por 2029 os rios estarão relativamente limpos e recuperados.

Não serão rios com água potável, mas estarão dentro de padrões civilizados, capazes de sustentar a vida e sem o cheiro ruim que é sua marca registrada. Se Deus quiser, vai ser assim.       

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.