A nobre arte do vandalismo
Eu queria saber o que leva dois imbecis a pixarem um painel de Di Cavalcanti. Tem que ter uma explicação, mas ela foge da minha capacidade de compreensão. Não consigo imaginar as razões por trás de atos como este e outros que se espalham pelo mundo. A doença não é brasileira, o fenômeno se repete em países como França, Grã-Bretanha, Espanha, Portugal e até na pátria da renascença, a civilizadíssima Itália.
O Davi de Michelangelo não está numa sala de um museu de graça. A Mona Lisa não está atrás de um grosso vidro para fica mais bonita. E por aí vamos, com a obra prima da imbecilidade sendo a explosão de uma estátua de Buda por fanáticos religiosos.
Eu não alcanço a mente dessa gente. O que eles pensam, o que os motiva, como eles vêm a vida e sua razão de ser e de estarem aqui. Uma coisa é grafite, outra é pixação. O Brasil tem alguns dos maiores grafiteiros do planeta. Artistas com obras em várias das principais cidades, reconhecidos pelo talento, técnica e criatividade.
De outro lado, temos também imbecis capazes de barbaridades como pixar um mural de Di Cavalcanti, na fachada de um antigo prédio comercial no Centro Velho da cidade.
O que apavora é que a sandice foi praticada quando São Paulo dava um show de civilidade e civilização, com sua maravilhosa Virada Cultural correndo solta em palcos ao ar livre e bibliotecas, numa homenagem a inteligência, ao bom, o belo e a cultura.
O ser humano é um bicho complicado, e com certeza não é bom e puro na sua origem. Ao contrário, as barbaridades praticadas pelo ser humano envergonhariam Drácula, o Lobisomem e o ET de Varginha.
E não é dizer que falta educação ao brasileiro. Os europeus estão entre os povos civilizados e lá é igual. O buraco é mais embaixo.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.