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Santa Maria Madalena

[Crônica de 28 de fevereiro de 2001]

Durante muito tempo eu achei esquisito um bairro como a Vila Madalena não ter uma igreja sua. Me parecia sem sentido a igreja de Pinheiros responder pela paz interior dos moradores, ainda mais quando lembrava como o bairro era há 20 anos, “com suas casinhas simples com flores nas varandas e cadeiras nas calçadas”. E gente sentada nelas, batendo papo nos finais de tarde calmos, com o sol se pondo atrás do bairro, enquanto as ruas sem movimento iam ficando escuras e a hora da novela se aproximava.

Não tinha sentido a Vila Madalena não ter uma igreja! Mas ela tinha e tem e quem não sabia era eu! A Vila Madalena não só tem uma igreja como tem uma igreja grande e imponente que tem como padroeira a mais importante de todas as figuras femininas do Novo Testamento: Maria Madalena.

Como Paris tem a igreja da Madeleine, uma das igrejas mais bonitas do mundo, a Vila Madalena tem sua paróquia de Santa Maria Madalena, homenageando a amiga querida do Cristo, que é quem está em sua companhia nos momentos mais importantes e para quem ele aparece em primeiro lugar depois da ressurreição.

É uma igreja bonita, grande e clara, de linhas modernas e concreto aparente, escondida num canto pouco conhecido, num trecho de rua que não virou passagem, nem tem bar da moda para perturbar seu sossego. Dando para a rua Girassol a igreja de Santa Maria Madalena tem poesia no nome, no jeito como foi construída e na rua que passa na sua frente.

Por isso é uma igreja quente, mesmo feita de concreto aparente, com seu cinza claro manchado pelo tempo ressaltando suas formas amplas de encontro ao horizonte fundo que escorre à suas costas.

A igreja da Vila, a paróquia de Santa Maria Madalena, faz justiça à sua padroeira e deixa mais simpático o bairro.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.