Santa Maria Madalena
[Crônica de 28 de fevereiro de 2001]
Durante muito tempo eu achei esquisito um bairro como a Vila Madalena não ter uma igreja sua. Me parecia sem sentido a igreja de Pinheiros responder pela paz interior dos moradores, ainda mais quando lembrava como o bairro era há 20 anos, “com suas casinhas simples com flores nas varandas e cadeiras nas calçadas”. E gente sentada nelas, batendo papo nos finais de tarde calmos, com o sol se pondo atrás do bairro, enquanto as ruas sem movimento iam ficando escuras e a hora da novela se aproximava.
Não tinha sentido a Vila Madalena não ter uma igreja! Mas ela tinha e tem e quem não sabia era eu! A Vila Madalena não só tem uma igreja como tem uma igreja grande e imponente que tem como padroeira a mais importante de todas as figuras femininas do Novo Testamento: Maria Madalena.
Como Paris tem a igreja da Madeleine, uma das igrejas mais bonitas do mundo, a Vila Madalena tem sua paróquia de Santa Maria Madalena, homenageando a amiga querida do Cristo, que é quem está em sua companhia nos momentos mais importantes e para quem ele aparece em primeiro lugar depois da ressurreição.
É uma igreja bonita, grande e clara, de linhas modernas e concreto aparente, escondida num canto pouco conhecido, num trecho de rua que não virou passagem, nem tem bar da moda para perturbar seu sossego. Dando para a rua Girassol a igreja de Santa Maria Madalena tem poesia no nome, no jeito como foi construída e na rua que passa na sua frente.
Por isso é uma igreja quente, mesmo feita de concreto aparente, com seu cinza claro manchado pelo tempo ressaltando suas formas amplas de encontro ao horizonte fundo que escorre à suas costas.
A igreja da Vila, a paróquia de Santa Maria Madalena, faz justiça à sua padroeira e deixa mais simpático o bairro.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.