A tapa não vai
Se o pedestre bater no ônibus ou ônibus bater no pedestre vai ser sempre pior para o pedestre. Tanto faz se ele está na faixa, se ele está certo, se o ônibus está errado, vai ser sempre pior para o pedestre. Quem vai sair machucado é ele, quem vai sentir dor é ele, quem vai ficar mal é ele. Não tem vitória moral que pague a dor e o sofrimento do pedestre. Nem multa, nem processo, nem indenização de seguro.
A mesma regra se aplica quando se entre numa briga. Tendo como não entrar não tem sentido brigar com alguém muito mais forte, faixa preta de karatê e jiu-jitsu, conhecido na noite como “quebra ossos”. Se não tiver uma arma de fogo, “quebra ossos” tem todas a chances de acabar com você. Ser o ônibus da sua vida.
Numa briga entre os Estados Unidos e o Brasil não tem como o Brasil ganhar. A diferença de peso é tão grande que não tem mágica que pare o monstro. Então, o jeito é ir com jeito. Mostrar que mesmo ganhando, eles irão perder, alguns setores da economia norte-americana serão afetados pela briga, haverá desemprego e outros prejuízos e, pior, eles estão jogando o Brasil no colo da China.
Contra a força bruta não adianta valentia. Não ter medo não é inteligência é loucura. E não há nada que indique que os brasileiros preferem o colo da China aos dos Estados Unidos. Então, muita calma nessa hora. Como diz a música do Roberto Carlos: “conte até dez, se não der conte outra vez”.
Se a coisa for longe, vai ficar pior. E será pior para nós do que para eles. Mesmo que caiba, retaliar aplicando reciprocidade não é o caminho, só vai complicar mais a vida da economia brasileira.
Um antigo governador de São Paulo dizia, “não tem nada como cautela e canja de galinha, nunca fizeram mal a ninguém”.
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