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Vida boa é vida mansa

Vida boa é vida mansa. Vida mansa não quer dizer não fazer nada, quer dizer fazer o que tem que ser feito, no ritmo que tem que ser feito. Nem mais rápido, nem mais lento do que o pretendido.

Cada um sabe o seu ritmo, assim nem tudo que é menos para você é menos para ele, ou vice-versa. Como tudo é relativo, tudo depende. Tem gente que acha que manso é correr duas maratonas por dia, tem gente que acha que correr é dar dez passos no fundo do quintal. Então, cada um sabe de si e da sua velocidade, seja para dormir, seja para acordar, ou não fazer nada de parecido, mas comer torta de maçã no final do dia.

Tem quem prefira tocar banjo numa casa de caboclo no interior de Mata Grande de Dentro. Tem quem prefira tocar flauta em Mata Grande de Fora. São duas alternativas diferentes para se atingir o mesmo estágio da perfeição, levado a última instância, como quase se transformar em borboleta, de acordo com os manuais védicos.

Tem também quem acha que jogar no São Paulo resolve todos os problemas, mas tem o corintiano que ri do são-paulino porque bom mesmo é fazer menos ainda, ainda que custe perder do São Paulo.

Muriqui ou mono carvoeiro? Pois é, são duas denominações para um mesmo ser. Você escolhe e está tudo bem, a não ser que o macaco prefira uma em vez de outra. Aí é questão de respeito.

No mais, não se esqueça, pode mais quem chora menos, em questões de entrar de sola, vale o tom da banda da Festa do Divino. Dizem as más línguas que os músicos gostam do que fazem porque fazem o que fazem, no ritmo que fazem. Nem antes, nem depois. Mas na hora exata.

Seja como for, ao longo do percurso, dez milhas podem ser dez metros, depende da preguiça. Quem pode mais nem sempre faz mais, quem pode menos às vezes faz mais. O importante é tocar em frente. Sempre.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.