O Jardim Japonês
[Crônica de 4 de setembro de 2013]
O fim do inverno tem momentos lindos. Um deles é a florada do Jardim Japonês da USP. Tem pouca gente que sabe, ou porque não sabe mesmo, ou porque não presta atenção, mas a Cidade Universitária tem um pequeno pedaço que é um jardim japonês.
Fica do outro lado da avenida, em frente ao edifício Brasil/Japão, ao lado do monumento em homenagem às relações dos dois países. Vale não esquecer que o Brasil tem uma das maiores comunidades japonesas fora do Japão. Que, no início do século 20, a imigração nipônica foi um movimento importante na ocupação do interior do Estado de São Paulo.
Por conta disso, numa viagem do então príncipe imperial japonês ao Brasil, ele visitou a USP, inaugurou o monumento e – me faz bem pensar que foi assim – plantou as cerejeiras que agora estão floridas.
Mas se não foi ele quem as plantou, o fato de serem tratadas por mãos plebeias não afetou a autoestima das árvores. A prova disso é que, longe de terem o tamanho das cerejeiras do Fujiyama ou de Washington, as cerejeiras da Cidade Universitária estão completamente floridas, carregando honestamente o estandarte da espécie.
É bonito vê-las, ainda arbustos, com os galhos sem folhas completamente tomados pelas delicadas flores entre o rosa e o roxo, na cor única que faz da florada das cerejeiras um instante especial na rotina do Japão e da capital norte-americana.
De um lado, a potência econômica supermoderna; de outro, o país de tradição milenar, com castelos e templos cercados de cerejeiras.
Na Cidade Universitária, no seu canto, na encosta da colina onde, um pouco à frente, se ergue a Biblioteca José Mindlin, as cerejeiras da USP saúdam a primavera, que chega com a beleza delicada de suas flores.
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