Nossa Senhora Aparecida do Ipiranga
[Crônica de 21 de novembro de 2001]
A gente via vivendo e vai aprendendo. Eu nunca imaginei que São Paulo tivesse mais do que uma igreja de Nossa Senhora Aparecida. Afinal, a cidade de Aparecida do Norte é perto e é lá que está a imagem da padroeira do Brasil. Por isso fazia todo o sentido São Paulo, que homenageia a virgem em pelo menos dezenas de igrejas, não a homenagear também na forma de Nossa senhora Aparecida.
Mas esta cidade é a capital dos espantos. Existe igreja de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo, e não uma, mas pelo menos duas. A primeira é a igreja de Moema, que fica em largo próprio e bonito, cercada de bares e restaurantes por todos os lados.
A segunda eu não conheço. Quem me contou sobre ela foi o Geraldo Nunes e falou com imenso carinho, porque fica no seu amado Ipiranga, perto de onde ele cresceu.
Diz o Geraldo que o traço marcante da igreja de nossa Senhora Aparecida do Ipiranga é a sua torre. Imensa, muito mais alta do que deveria ser para manter a proporção com o corpo da igreja, ela destoa do conjunto e descaracteriza a construção, mas tem uma história gozada, que, se não é verdadeira, é bem achada.
Contam no bairro que a torre é da altura que é por causa de um pároco meio boêmio que adorava sair de noite e que não se cansava de pedir dinheiro para os fiéis, dizendo que era para construir a torre da igreja.
Quando ele morreu, o pároco que veio depois descobriu que a igreja tinha muito mais dinheiro do que precisava para terminar as obras e por isso decidiu fazer a torre mais alta do que deveria ser, sem perceber que estava comprometendo o conjunto.
Erguida no coração do Ipiranga, a igreja de Nossa Senhora Aparecida, segundo o Geraldo, por dentro é maravilhosa e compensa a falta de proporção da sua torre muito alta.
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