Crise hídrica
São Paulo vive uma crise hídrica de grandes proporções. O sistema de represas que abastece a Região Metropolitana está com pouco mais de 20% de sua capacidade. É muito mais do que tínhamos em 2014, quando o sistema operava com menos 20%, mas é muito menos do que no ano passado, quando estávamos com coisa de 40%.
Dezembro é mês de chuva, a pergunta é se o que vai chover é suficiente para começar a recuperação dos reservatórios do sistema, especialmente o Cantareira, o maior e mais importante.
Neste momento o Cantareira está com 20% e caindo. O ideal seria ele estabilizar e depois começar a recuperar. Para isso precisa chover na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, onde o grosso da captação é feita.
As imagens da enorme represa quase vazia são dramáticas. A terra seca, rachada em pedaços pequenos, traz para São Paulo a realidade do semiárido nordestino, onde a terra rachada conta de secas que se estendem por anos a fio.
Mas não é só Cantareira que vai mal. A represa de Guarapiranga vive um drama a mais na poluição galopante de suas águas que perdem qualidade dia depois de dia, numa marcha aos infernos que se prolonga faz anos e que ninguém consegue parar.
Não basta ter pouca água, a água que tem está seriamente contaminada pelos mais variados materiais, de cocaína a insumos farmacêuticos, de pílula anticoncepcional, a mercúrio e outros materiais pesados ou altamente nocivos à saúde.
Para fechar o drama, a companhia responsável pela distribuição perde mais de 30% da água tratada em suas tubulações velhas e sem manutenção. Mas não se preocupe, você segue firme no seu papel. Você paga a conta.
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