Catadores de papel
Muitos anos atrás eu fiquei impressionado com a fila de catadores de papel puxando seus carrinhos próximos do Minhocão. Os riquixás nacionais me impressionaram porque me pareceu inconcebível seres humanos continuarem puxando pesado carroças, não transportando pessoas como acontecia na antiga China, mas carregando coisas de valor, encontradas no lixo, descartadas como se não tivessem serventia.
Muitos anos se passaram e o quadro não mudou. São Paulo continua vendo os puxadores de carrocinhas de mão remexendo no lixo, atrás de coisas de valor que garantam o seu sustento.
É certo ou é errado? De verdade, é um absurdo, mas é a realidade. Não tem o que fazer, não tem outra atividade para estas pessoas, pelo menos agora. Ou é isso o que nos dizem…
Na essência do problema está tudo o que não fizeram ao longo das últimas décadas no campo de educação, saúde e inclusão social.
Ao contrário, criaram uma nova indústria. A dos que levam vantagem em cima da miséria ou quase miséria da população.
Vantagens de todos os jeitos, desde receber dinheiro até criar massa de manobra, bucha de canhão, para conseguir um pouco de tudo.
Vamos deixar os moradores de rua nas ruas. Os catadores de papel, catando papel; os puxadores de carrinhos de mão, com sua sina desumana.
Pra que investir em saúde, educação, segurança e inserção social? Para que levar o Estado para perto do povo, das necessidades do povo?
Povo instruído e com noção das coisas não vota nos políticos brasileiros. A melhor forma da turma que está aí continuar aí é deixando como está. Em nome dos fracos e dos desvalidos se abrem oficinas para perpetuar a miséria. Hospital, escola, profissão, pra que isso? Só serve para dar dor de cabeça.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h