As placas de trânsito
A cidade gostaria de saber quem define os critérios para a instalação das placas de trânsito em São Paulo.
A pergunta faz todo o sentido e tem uma implicação filosófica tridimensional. O encarregado do planejamento da instalação das placas ao longo das ruas merece o prêmio máximo da “Sociedade Randômica Universal do Reino dos Anjos”.
Mesmo sabendo que dificilmente tão nobre missão será desempenhada ou ficará a cargo de um único herói, ainda assim, todo o departamento mereceria o prêmio.
Da forma como as placas são instaladas, a “Grande Ordem Randômica do Universo” está, não só diuturnamente, mas também, na visão pós-histórica do Planalto Central, “noturnamente” prestigiada.
É o caos levado à última instância. A derradeira consequência. O professor Gofredo da Silva Telles deve estar se revirando no túmulo.
Nunca sua aula segundo a qual “’o caos é apenas uma ordem que não nos convém” foi levada tão longe. Sua distância ultrapassa as fronteiras extremas do conhecimento xamânico, da ciência dos druídas, das ervas dos pajés, do pó de urucum boliviano.
Basta viajar na velocidade de cágado das ruas da cidade e observar a disposição das placas. Invariavelmente são colocadas quatro ou cinco placas exatamente iguais numa distância não superior a 100 metros. Em outros trechos, ficamos quilômetros sem saber de nada. Em outros, ainda, as placas são colocadas atrás de outras placas. E, se não houver outras placas, as placas são colocadas atrás dos galhos das árvores para que você não possa lê-las e assim por diante, no limite do inimaginável.
Outra pergunta interessante seria: quem fornece as placas? Há muito mais placas do que seriam necessárias. Isso é jogar dinheiro fora, não é?