Tietê, Tietê
O Rio Tietê corta São Paulo, na sua corrida para o interior. O Rio das Anhumas é responsável pelo tamanho do Brasil. Foi seguindo o caminho do Peabiru, margeando o rio, que levou o Padre Manuel da Nóbrega à região de Itu, no dia 25 de janeiro de 1554.
O provincial estava lá porque descobrir a rota para o interior do Brasil era mais importante do que a missa de inauguração do segundo prédio do Colégio dos Jesuítas no alto do Planalto de Piratininga.
Correndo para o interior, o Tietê era rumo para as entradas que demandavam o Guairá e que traziam milhares de índios para os entornos da Vila de São Paulo.
Era no seu vale que as fazendas dos potentados paulistas, invariavelmente tocadas pelas mulheres, produziam praticamente tudo, de frutas europeias a trigo, de arroz à criação de gado, transformando-as, guardadas as proporções, em feudos medievais, autossuficientes e independentes do poder central, o que fazia a vila ser pobre, feia e vazia na maior parte do ano.
Tietê, cujas vargens inundavam e, por isso, eram utilizadas para plantar arroz. Várzeas onde era proibido construir porque as enchentes, na visão dos moradores, eram responsáveis por doenças e epidemias.
Várzeas que, com a chegada dos imigrantes, foram loteadas e hoje estão entre as terras mais caras da cidade.
Tietê, que hoje é um enorme esgoto a céu aberto. Rio das monções, responsável pela descoberta e pelo transporte de muito do ouro que financiou a Revolução Industrial inglesa, chora hoje a sujeira e o descaso.
Tietê, que no interior é festa e riqueza nas praias e na hidrovia. Tietê de tantas lendas e histórias! Das sucuris de 10 metros, das onças pintadas, dos jacarés e das piranhas, hoje, na cidade, é das capivaras.