As pedras observam o mar
Há 500 anos as pedras dos fortes, espalhadas pelo litoral, observam o mar brasileiro. Durante séculos protegeram a terra. Hoje, aposentadas, apenas observam o movimento das marés, a cor das águas, a sujeira que chega com as ondas, a vida que, de uma forma ou de outra, nasce, morre e retorna ao mar.
São construções de todos os tamanhos, desde impressionantes fortalezas no Rio de Janeiro até pequenos fortes, como o forte da Bertioga, erguidos para proteger a retaguarda dos portos.
Boa parte não passa de ruínas, mas mesmo elas impressionam, como as ruínas do Forte de São Filipe, do outro lado do canal, bem em frente ao Forte de São João, o Forte da Bertioga.
De norte a sul, o litoral brasileiro esconde, nas antigas fortalezas, parte importante da história do país, principalmente de sua colonização, quase que toda feita na orla costeira.
Hoje inofensivos, no máximo com velhos canhões abandonados ou enferrujados, jogados em seus pátios ou mesmo recolocados em suas baterias nas muralhas, os fortes lembram outra época, quase esquecida, porque o Brasil não preserva sua memória, nem tem interesse em fazê-lo.
É que sem história fica mais fácil afirmar que nunca antes na história desse país aconteceu alguma coisa; ou que a bandalheira que atualmente corre solta sempre foi assim.
Mas os fortes não têm nada com isso. Cumpriram sua missão, merecem o repouso dos justos.
Assim, as pedras portuguesas, sim, as pedras dos fortes vieram de Portugal, como lastro dos navios, dormem sem medo de ataques ou estragos, embaladas pelo mar que no vai e vem das ondas do Atlântico lhes trazem notícias das irmãs que ficaram em Portugal.