A Zona Leste
Durante muitos anos, a Zona Leste foi o patinho feio da cidade. Era a região mais pobre, triste, com menos verde, ruas de terra, casas pequenas, favelas ao lado dos rios e flores de plástico imitando a vida.
Hoje a Zona Leste ainda tem muita pobreza, mostra o lado triste da vida, continua com favelas ao lado dos rios, mas será que é diferente de qualquer outra região da cidade?
Será que as outras zonas não têm as mesmas favelas, os mesmos rios poluídos, a mesma pobreza ameaçada de inundar ou ficar soterrada nos meses de verão?
Será que a Zona Sul é diferente? Ou a zona Oeste? Ou a Norte, do outro lado do rio Tietê, olhando de frente a Zona Leste se transformar num paliteiro, com prédios de todos os padrões subindo como braços de uma tribo de gigantes tentando abraçar as nuvens?
Não, São Paulo, pela própria essência, é democrática, iguala as diferenças. No seu ritmo de expansão engole ricos e pobres, cria uma massa amorfa, a bolha assassina ou um polvo gigante, engolindo o que está à sua frente com a sem cerimônia dos mais fortes.
A cidade não tem limites. Do reduzido triângulo inicial virou uma mancha que avança diariamente planalto a fora, como se dependesse de seguir em frente para poder respirar.
A Zona Leste tem prédios com apartamentos melhores e maiores do que a Zona Sul. Nada de novo. A Zona Sul também tem prédios com apartamentos maiores e melhores que a Zona Leste. O que a Zona Sul não tem, nem a Norte, nem a Oeste – e isso eu não sei se é bom ou ruim, – é o Estádio do Corinthians. É o próprio Corinthians. O Corinthians é patrimônio da Zona Leste, para o que der e vier.