A beleza no mundo
Viver é correr atrás do tempo. Perseguir sonhos, acreditar neles e transformá-los em realidade. Ou pelo menos tentar.
Por isso a vida não são os grandes momentos, mas os pequenos instantes, quando o singelo se faz presente numa gota d’água caindo do teto de um túnel. No automóvel que respeita a faixa de pedestres, na pessoa ao seu lado que pede por favor.
E a felicidade completa o quadro no cheiro de pão assando, na chuva que cai criadeira, no pôr do sol que insiste em chamar nossa atenção para as aves cortando o céu no final do dia.
Houve um tempo em que os sinos batiam às seis da tarde. Era a Ave Maria. Hora de reflexão, de encontro consigo mesmo, do acerto das contas dos atos do dia.
Hoje alguns sinos ainda tocam, mas já não trazem a calma que até pouco tempo atrás fazia dessa hora um momento mágico.
Composto de pôr do sol, badalar dos sinos e da paz gerada pela certeza de haver feito da melhor forma possível.
Mas a bondade ainda existe. Escondida, é verdade. Quase com medo de mostrar a cara, mas viva e dinâmica, ainda que colocada como coisa fora de moda.
Num tempo em que o lucro fácil dança acima de todas as outras possibilidades, a bondade fica tímida. Perde a graça, não sabe para onde ir, procura e não acha, mas não perde a fé.
A mesma fé que fez os reis magos cruzarem o deserto. E São Pedro negar o Cristo, para depois morrer pela sua palavra. A fé que move montanhas e nos permite acreditar que ser justo é ainda é muito bom
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.