Solidariedade e compaixão
Séculos atrás o poeta britânico John Done escreveu: “Nenhum homem é uma ilha isolada… por isso não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.”
Cada vez que uma tragédia se abate sobre um ser humano é como se se abatesse sobre cada um de nós. Todos somos barro da mesma espécie, todos temos a mesma origem, todos sentimos da mesma forma, independentemente de raça, credo ou posição social.
Por isso cada vez que uma pessoa é atingida por um raio toda a humanidade também o é. Cada vez que um acidente ceifa uma vida a humanidade fica diminuída. Cada vez que um ser humano se porta de forma antinatural a humanidade fica humilhada.
Cada um de nós é o pequeno elo de uma imensa cadeia que se estende por todo o planeta, em idas e vindas, em encontros atávicos, voltas e contravoltas que escapam a nossa compreensão.
A única certeza é que somos parte de um todo gigantesco, composto por mais de 7 bilhões de almas, todas interligadas, todas respirando o mesmo ar, todas atrás do pão nosso de cada dia, em busca da mesma felicidade.
Não nos cabe julgar, mas podemos nos horrorizar. Cada vez que um acidente de carro mata uma família, cada vez que um trem descarrilado destrói dezenas de vida, cada vez que uma aeronave cai levando na queda centena de almas, os meios de comunicação dão vazão ao sofrimento coletivo que nos apavora e nos une, no medo do desconhecido.
Mas a mesma sensação integra as pequenas tragédias, que são mais dramáticas e batem no peito de pessoas reais, como eu ou você. Por isso não me pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por nós.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.