O começo
Em 1532 o sudeste do Brasil era uma enorme floresta, margeando a costa em grande parte do seu litoral. Mais que isso, a floresta nascia num paredão abruto, em alguns pontos com mais de mil metros de altura, formando uma impressionante muralha natural.
Vista do mar, a serra deveria parecer intransponível. Os tripulantes das embarcações que cruzavam o Oceano Atlântico olhavam de longe as montanhas escarpadas, cobertas de mata, e ainda assim tocavam em frente. Aportavam. Desciam na terra. E a ocupavam.
Desde antes da chegada de Pedro Álvares Cabral a costa brasileira servia de lar para europeus destemidos, que por uma razão ou outra estavam nela. Alguns por vontade própria, outros a força, mas todos tentando sobreviver, em parceria com alguma tribo indígena.
Em janeiro de 1532 Martim Afonso entrou no Porto dos Escravos. Voltava de uma longa jornada pela costa sul em busca do ponto ideal para fundar a primeira vila da colônia portuguesa.
A viagem fora em vão. O melhor ponto era o Porto dos Escravos. Assim, Martim Afonso, no uso dos poderes que lhe dera o rei, promoveu o Porto dos Escravos à Vila de São Vicente, com eleição da Câmara e instalação de Pelourinho.
São Vicente não saiu do nada. A vila já existia há anos, localizada no final do caminho do Peabiru, servia de entreposto para o reabastecimento dos navios que cruzavam o Atlântico, em busca do sul do continente.
O nome Porto dos Escravos não era de graça. O principal comércio era a venda de escravos índios para repor os tripulantes mortos durante a longa travessia para a América do Sul.
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