Os jacarandás querem espaço
A Amazônia queima, o Pantanal queima, as serras paulistas queimam, Minas Gerais queima, o fogo se espalha pelo país de forma poucas vezes vista nos últimos cinquenta anos.
Quanto desses incêndios são criminosos? Quantos estão queimando porque é assim mesmo? De tempos em tempos, a própria natureza provoca os incêndios que consomem milhares de hectares de áreas nativas ou não.
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A fumaça se espalha pelo céu da América do Sul formando uma imensa nuvem que tem como característica fazer chover uma água escura. Água contaminada pelas partículas da fumaça que grassa nos mais variados locais, nascendo em incêndios de todos os tipos.
Enquanto isso, em São Paulo, as árvores urbanas seguem sua toada e ocupam seus espaços mais ou menos na ordem determinada pela natureza, que faz o que pode para não embolar, mas nem sempre dá certo.
Neste momento, o nó é grande. Ipês amarelos se recusam a deixar a cena, as sibipirunas estão com a carga toda e as tipuanas decidiram entrar na festa, balançando suas flores amarelas.
Até o guapuruvu plantado ao lado da ponta da Cidade Universitária decidiu mostrar suas flores e, sem alarde, até porque é um só, entrou em cena, pintando o céu do lado da ponte de amarelo claro.
No meio dessa bagunça generalizada, de repente alguém gritou: para!
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Indignados com os argumentos falaciosos invocados pelos mais variados representantes do mundo vegetal, os jacarandás-mimosos, do alto de sua fidalguia transatlântica, decidiram dar entrada num processo arbitral para discutir o que está acontecendo e que ameaça o seu momento de entrar em cena. Plantados aqui e em Lisboa, bi continentais, os jacarandás-mimosos se acham no direito de terem um momento exclusivo, o que, evidentemente, não é aceito pacificamente pela maioria das outras plantas.
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