Um lado bom
As grandes cidades são espaços agressivos, ambientes cruéis, fábricas de loucos e muito mais que queiram dizer, ou inventar. Nelas a vida acaba num átimo, cortada rente por um atropelamento, um assassinato, uma crise, um stress.
Todas têm um lado rico e bonito, onde as fotos mostram um jeito de ser que enfeita as capas das revistas e esconde o outro lado, nem sempre tão bonito, seja aonde for, em país rico ou país pobre.
O lado feio das grandes cidades é cinza. É cinza porque as casas são cinzas, sujas de poluição e tristeza, nos vizinhos que não se falam, no medo de todas as noites, da vergonha de ter vergonha e da falta de sentido em viver uma vida que poderia ser, mas, simplesmente, não é.
Quem anda pelos centros ou pelas grandes avenidas vê isso claramente, nas pessoas apressadas, andando quase que correndo, sem olhar para o lado, como que com medo, não de ver, mas de ser vista.
As grandes cidades são enormes aquários onde a vida faz experiências dramáticas, normalmente com finais infelizes, na separação, na traição, na falta de confiança, ou simplesmente no primeiro enunciado de William-Pitt: Você pra mim é problema seu.
Mas o egoísmo doentio, a ganância, a inveja, o ciúme, a dor de não ter o que se queria ter, a violência sem sentido, todas as coisas negativas perdem sua cor, seu impacto, quando olhamos o outro lado da vida da cidade grande. Quando descobrimos que o cheiro de pão saindo do forno ainda comove as pessoas ao ponto delas se cumprimentarem no meio da rua. Quando vemos alguém ajudar outro alguém que precisa de auxílio. Quando percebemos que ainda há amor e solidariedade no peito das pessoas. Quando vemos que a vida da cidade preserva o belo e o bom.
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.