A realidade dos motoboys
Os motoboys, querendo ou não, são parte integrante e permanente da vida de São Paulo. Não há mais como imaginar a cidade sem eles e tão pouco sonhar que é possível tira-los das ruas, que cortam feito loucos, como se dessa velocidade dependesse tirar o pai da forca.
Os motoboys são o desespero dos motoristas e a salvação de quem precisa entregar uma encomenda rápida em qualquer canto de São Paulo.
Sem eles, não chega, e, com eles, os espelhos retrovisores pagam um preço alto pela temeridade de se exporem, deixando a cara entre duas pistas, ainda que dentro do lado certo.
Dada à quantidade de espelhos quebrados – sem querer e de propósito, acho até que as fábricas destes acessórios deveriam lançar um programa de bonificação para premiar os motoboys mais competentes na nobre arte de quebrar espelhos, que, para elas, quer dizer lucro extra, já que sem o auxílio dos nobres cavaleiros de aço a reposição se daria em escala muito menor.
A imensa maioria dos motoristas adoraria ver a cidade livre deles. Mas curiosamente, são estes mesmos motoristas que quando chegam nos escritórios, pedem que os motoboys quebrem seus galhos, transportando as coisas mais inusitadas em suas motos alucinadas.
Quer dizer, são dois pesos e duas medidas. De um lado eu te detesto, mas de outro, sem você eu não conseguiria fazer o que devo fazer. Então das tripas coração e vamos em frente que atrás vem gente.
Por conta disso, mais o número absurdo de motoboys que trabalham em São Paulo, mais a falta de capacidade de quem quer seja para tira-los das ruas, eles se perpetuam e se perpetuarão, com a mesma força dos dinossauros quando viviam sobre a terra.
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