A esperteza que breca o esperto
É comum ver alguém seguir adiante, com o trânsito completamente parado logo à frente, para parar bem no meio do cruzamento, com cara de esperto, enquanto o semáforo muda de cor, impedindo que os outros possam tocar em frente porque o gênio do pedaço está parado onde os outros deveriam passar.
Quem sabe seja das cenas mais comuns das nossas ruas. Não há dia que ela não se repita ao infinito, sem que o esperto parado no meio do cruzamento – que 10 minutos depois fará a mesma coisa de novo – pare para pensar no tamanho do enrosco que ele arruma e que o faz ficar parado no cruzamento que ele fechou, mesmo com o sinal abrindo novamente para ele, porque aí já é tarde e a primeira parada contaminou uma enorme região, fazendo outros cruzamentos pararem porque também foram fechados e impedem que a rua onde o estafermo está possa fluir quando o sinal abre para ela.
É uma situação triste que fica mais triste se pensarmos na falta de solidariedade de quem fecha um cruzamento para andar 10 metros que não o levam a lugar algum parar, e com sua parada parar um pedaço da cidade.
Mas fica mais triste ainda se pensarmos que, mesmo ficando parado, com cara de herói, olhando para os outros com ódio dele, ele não aprende a lição e na primeira oportunidade fará tudo de novo, como se a rua fosse sua e não houvesse mais ninguém com direito de seguir em frente quando o semáforo abre para a rua onde o alguém está.
O nó desse tipo de ação é inacreditável. Segue a teoria do dominó e um cruzamento vai fechando depois do outro, porque em algum lugar alguém ficou parado bem no meio da rua, com o sinal fechado.
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