O ipê da frente da casa onde cresci
Eu cresci numa casa gostosa e ampla, construída por meus pais, no bairro do Pacaembu. Foi uma casa boa, que deixou lembranças boas e onde, na média, a vida correu feliz.
No jardim da casa tinham árvores, cada uma a seu modo, com uma história. Na lateral direita, tinha um ipê que, confesso, hoje, eu não consigo imaginar o tamanho, mas que devia ser grandinho, porque eu minhas irmãs e meus primos subíamos nele para brincar, ou, o que é muito melhor, para escapar de tomar as injeções que a mão cruel do Calejo insistia em fazer doer em nós.
Encostados no muro do fundo, 2 abacateiros, plantados no mesmo dia, um grudado no outro, passaram anos brigando para ver qual seria o maior. Um pouco para o lado, já perto do muro com o vizinho da direita, uma ameixeira se enchia de frutos amarelos que atraiam os passarinhos mais diversos, enchendo o jardim de vida.
No meio desse jardim, 2 jabuticabeiras faziam par. Lindas, mas mesquinhas, deram muito pouca jabuticaba, pelo menos no tempo que eu morava lá.
No jardim na frente da casa tinha uma nogueira de Iguape, um ipê e uma palmeira. A nogueira cresceu muito e como ameaçava cair em cima da casa, no caso de uma ventania mais forte, minha mãe mandou arrancar e colocou no lugar uma planta mais comportada.
A palmeira seguiu o destino das palmeiras, e ria do ipê, que na época era um galho mirrado, com 3 ou 4 galhos mais finos na ponta, não prometendo nada, nem enfeitando o jardim.
Outro dia passei em frente da casa e fiquei maravilhado. O ipê cresceu, encorpou, e agora todo ano se cobre de ouro.
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