As distâncias de antigamente

Nem sempre o mundo pareceu pequeno como parece hoje. Antigamente as distâncias tinham outras proporções, ainda que, em quilômetros, fossem as mesmas. Em qualquer lugar, 20 quilômetros sempre foram 20 quilômetros, mas seis léguas podem variar enormemente, como Zé Cássio do Val e eu descobrimos quando fomos para o nordeste de automóvel no começo dos anos 70.

Dependendo do cidadão e da sua noção do mundo, seis léguas podem ser uma distância para lá de qualquer distância, ou pode ser um pulo, logo ali adiante.

Antigamente, quando São Paulo não era mais do que uma vila perdida na boca do sertão, os quilômetros ainda não existiam, mas seis léguas pesavam, ainda que variando de distância. Mas fosse mais perto ou mais longe, a diferença era insignificante, e o longe era tão longe, que a Penha, o bairro de Nossa Senhora da Penha de França, era pouso de viajantes, que iam ou vinham do Rio de Janeiro.

Quer dizer, para se ir do centro velho – que era o que São Paulo era – até a Penha se gastava um dia em lombo de burro estradeiro. E estas etapas se repetiam uma depois da outra, no rumo de Jacareí e vale do Paraíba à fora.

Mas não era só para o norte que as distâncias eram enormes. Santo Amaro era outra vila, e Pinheiros um aldeamento de índios, nas terras de Fernão Dias.

De Santos a São Paulo se gastavam três dias, se a marcha fosse boa e o caminho não estivesse muito ruim. Jundiaí que é logo ali ficava longe de mais de um dia, como Itu, Sorocaba e outras vilas e pousos que hoje são bairros da Grande São Paulo.

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