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Saudades do Capitão Molinari

 

Foi em 1971. Eu e mais quarenta e nove alunos cursamos Artilharia no CPOR de São Paulo. Foi um ano mágico, que até hoje está vivo nas nossas lembranças e na amizade que nos uniu e permanece sólida, tanto que, em época sem pandemia, sempre foi reforçada em encontros periódicos, onde as histórias daquele ano são relembradas entre gostosas gargalhadas.

Temos um grupo de WhatsApp, que é intensamente utilizado para todo tipo de assuntos, de piadas aos mais sérios. 1971 foi um ano fora da caixa para todos nós. No início, ninguém tinha noção do que aconteceria ao longo dele, mas rapidamente fomos descobrindo o CPOR, no ensino, nos esportes e nas ligações pessoais, no quartel de Santana e nos acampamentos.

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Se, de um lado, tínhamos nós, os cinquenta alunos, de outro, tinha o Major Winter, o comandante do Curso de Artilharia e, debaixo dele, três capitães e um tenente, depois também promovido a capitão.

Os capitães eram o Capitão Agostini, o Capitão Molinari e o Capitão Francisco Albuquerque, que, anos mais tarde, encerrou sua carreira como Comandante do Exército Brasileiro. O tenente era o Tenente Milton.

Cada um dos oficiais tinha suas características e suas manias. O objetivo maior era a conquista do Troféu Correia Lima e, se possível, que um aluno do Curso de Artilharia se formasse em primeiro lugar. Eles conseguiram. Fomos campeões do troféu Correia Lima e nosso colega Jorge Andor foi o primeiro colocado do CPOR em 1971.

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É curioso, eu me lembro de todos com imensa nitidez, mas tenho um carinho todo especial pela lembrança do Capitão Molinari. O Capitão Molinari tinha um lado humano, uma forma diferente de se relacionar com os alunos. Nunca vou me esquecer o dia que ele me perguntou: Penteado, quantas estrelas você tem no ombro? Eu respondi: Nenhuma. E ele concluiu, falando com rigor: Então obedeça porque eu tenho três. E riu.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.