1 milhão e 300 mil motos é moto demais
De repente correu na internet que o passeio de moto do grande capitão por São Paulo tinha ido parar no livro Guiness de recordes, como a maior concentração de motos da história, com um milhão e trezentas mil motos, lado a lado, seguindo em fila de São Paulo para Jundiaí e volta.
Quem acreditou, deve acreditar no lobo mau, na mula sem cabeça, no lobisomem de Londres, no martelo de Thor e na bondade de Hitler.
A notícia é completamente sem cabimento. Não precisa muita competência ou conhecimento matemático para ver que não dá, que é humanamente impossível colocar um milhão e trezentas mil motos enfileiradas, lado a lado, entre São Paulo e Jundiaí.
Colocando como comprimento médio e distância mínima entre duas motos 2 metros, 1 milhão e trezentas mil motos seriam 2 milhões e seiscentos mil metros, ou dois mil e seiscentos quilômetros, que é bem mais do que os menos de cem quilômetros entre São Paulo e Jundiaí.
Para dar a dimensão do que é isso, daria para encher todas as pistas da Dutra ida e volta entre São Paulo e Rio de Janeiro e sobrariam motos.
Quer dizer, isso não é nem mentira, é delírio. Só faltou dizer que as onze mil virgens do paraíso estavam na garupa das motos, com bandeiras do divino hasteadas ao vento, dando vivas a Antonio Conselheiro porque tinha mais chapéus do que cabeças.
Quanto ao apoio do povo ao grande comandante, também precisa uma certa moderação. As motos participantes não eram motos de motoboy. E as tomadas feitas do alto, no fim do passeio, mostravam um Ibirapuera bem vazio. Dando de lambuja que tinha duas pessoas por moto, nas ditas 12 mil motos que teriam hipoteticamente participado, seriam 24 mil simpatizantes. Mais meia dúzia de gatos pingados das igrejas, seriam 30 mil pessoas. Quer dizer, é menos que o público de jogo de futebol vagabundo.
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