Macacos e crianças
São Paulo foi tomada de assalto por bandos de saguis, os pequenos macaquinhos que vão pelas árvores e pelos fios, como se fossem donos da metrópole desde muito antes da história começar.
É bonito ver o bando inteiro, ou uma única família, correndo pelos fios. Se eles são feios e dão sensação de caos, para os macacos são estradas que os levam para todos os lugares, é só virar à esquerda ou à direita.
Diz um amigo que eles nunca viram à direita, que os saguis têm um compromisso com a internacional socialista, por isso vão sempre para esquerda. Confesso que não conheço nenhum estudo a respeito do tema, então coloco dúvidas sobre a informação, ainda mais porque ele é reconhecidamente de esquerda, daqueles que gostam de charutos cubanos, champagne francesa e uísque escocês de, no mínimo, 18 anos.
Eu acho que os macacos não têm nada com isso. O negócio deles é descobrir onde são bem aceitos e marcarem posição, para ganharem comida sem muito esforço, se possível, das mãos das crianças que moram no pedaço.
As crianças adoram os saguis que correm pelos fios e se penduram nos galhos das árvores, dentro e fora dos jardins. Quando eles aparecem é uma festa e não é raro ver pais levando as crianças pelas ruas, atrás dos macaquinhos correndo pelo bairro.
Meus netos se divertem com os saguis saltando pelas árvores e fios. Em especial, gostam quando veem uma mãe com o filhote nas costas, fechando o cortejo da família, com o pai na frente e as crias maiores no meio.
Mas a festa fica boa quando as crianças dão comida para os saguis. Não pensem que elas têm medo. Esticam os braços, oferecem bananas e, dando risada, chamam os macaquinhos para comerem.
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