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Inverno mais quente

Ainda bem que este inverno vai ser mais quente! Mal começou e São Paulo experimentou temperaturas próximas dos sete graus, enquanto o Rio Grande do Sul e Santa Catarina viram a neve dar as caras muito antes do que seria de bom tom.

Dizem os formalistas que as coisas devem acontecer aos poucos, numa sequência pré-programada, como um sistema de computador funcionando no ritmo necessário para abrir cada janela do programa, uma depois da outra, sucessivamente.

Mas a vida não gosta de rotinas. Faz e desfaz com a sem cerimônia de quem não vai pegar o trem, nem ir embora para Passárgada. É aqui e agora, do jeito que ela quer, que nem sempre é como nós gostaríamos que fosse. Tanto faz, quem manda é ela.

A nós cabe cumprir tabela, sem muita pergunta e sem nenhuma resposta. É tocar em frente, até porque a alternativa é muito pior.

Entre secos e molhados, o inverno que não deveria ser tão frio, mostrou que pode ser frio e gelou sem piedade, desde o primeiro dia. Cortou e corta, de cima, em ondas congelantes que varreram o país, chegando em Cuiabá, conhecida pelos dias quentes.

Cinza, frio, feio e triste. O que pode ser mais triste do que um dia triste de inverno? Dizem que é por isso que os europeus do norte se matam nos invernos. Amanhece tarde, anoitece cedo e o cinza é a marca registrada do dia gelado que não convida, mas facilita o suicídio.

Não sei como será o resto da estação, mas, tomando por base o começo, vai ser complicada. Não há razão para o frio que já mostrou para que veio não continuar a vir. Subir da Patagônia em ondas enregelantes, trazidas pelo vento que rasga a paisagem, na geada que queima a vegetação, na lareira acesa e nas noites das ruas desesperadas.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.