A arte de lavar carros

São Paulo tem milhares de pontos onde é possível se lavar carros. E as opções são as mais variadas, desde uma duchinha para quem enche o tanque de combustível, até uma formidável lavagem completa, com motor, parte debaixo e o mais que a técnica coloca à disposição dos interessados.

Normalmente ninguém manda fazer uma lavagem completa por semana. Aliás, não seria sequer aconselhável, porque além de ser desnecessária e cara, ainda tem o risco do jato d’água acabar afetando alguma peça delicada e arrumando uma dor de cabeça para o dono do carro.

O que a imensa maioria dos donos de carro faz é, no dia a dia, dar um guaribada capaz de dar um aspecto decente para a máquina, reservando uma época de tempo bom para caprichar mais um pouco.

Assim, os lava jatos acabam sendo os grandes beneficiários dessa estória. Não tendo condições nem vontade de lavar como os postos que fazem lavagem completa, mas caprichando bem mais do que as duchinhas dadas depois de abastecer o carro, os lava jatos ficam no meio, sendo que alguns deles realmente fazem serviço de limpo, não devendo nada a ninguém nas partes que limpam.

Não há canto da cidade que não tenha, um pouco mais pra frente, ou um pouco mais pra trás, um lava jato. A maioria está instalada num terreno precário, mas existem alguns que são montados com capricho. Também variam as formas de lavar, que pode ser por máquina, manual ou mista.

Dizer que este é bom e que aquele é ruim vai muito de cada um e do seu jeito de frequentar um lava jato. Como regra, o cliente assíduo e que que dá gorjeta boa é sempre mais bem atendido do que alguém que vai de vez em quando ou dá gorjeta pequena. Além disso, depois de um tempo, o freguês começa a preferir este ou aquele, porque trabalha melhor e capricha mais.

A única certeza desta crônica é que ninguém escapa é do inferno de ter que lavar o carro.

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