Granja a céu aberto
São Paulo é uma cidade fascinante. Aqui tudo é possível, tudo é factível, tudo pode ser o inverso do que deveria ser, mas não é, porque é o inverso do que poderia não ser, e por aí vamos, com noves fora igual a zero.
Entre o inusitado que move a cidade, ou melhor, vive na cidade, estão as capivaras da USP, que se proliferaram de tal forma que agora seriam necessárias três onças para, no período de um ano, dar conta delas.
Também seria o caso de se colocar uma placa informando que, além de sarampo, pólio e risco de atropelamento, há também o risco de se contrair febre maculosa, passada pelas simpáticas capivaras, através de carrapatos que servem de vetor para a doença.
Mas a crônica de hoje aborda assunto muito mais romântico, ou quem sabe a palavra correta fosse bucólico. As galinhas da Rua Cássio Martins Villaça, no Pacaembu, estão crescendo de número na mesma toada das capivaras da USP.
Já falei sobre elas mais de uma vez. No começo, alguns anos atrás, eram duas ou três e um galo. Depois o galo mostrou que era poderoso e as galinhas prosperaram, ocupando quase que a pracinha inteira.
Agora, as instalações são muito mais sofisticadas. Afinal, não estamos falando de meia dúzia de frangos magros, estamos falando de um belo bando de penáceas gordas e saudáveis ciscando na encosta da sua pracinha.
Tem puxadinho, bebedouro, área para colocar ração e o mais que funciona num terreiro de sítio à moda antiga, quando as galinhas ciscavam soltas de um lado para o outro no chão de terra batida, limpa a vassoura pelo menos uma vez ao dia.
A Cássio Martins Villaça é a prova de que São Paulo pode ser uma cidade amiga, como até há pouco tempo eram as cidades do interior.
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