Cavalos e cavalgadas
Tupã, Sanhaço, Fio de Ouro, Valete, Penacho, Gilbertão, Sete Dedos, Zorro, Gastúrias, Rita, Rancheira, Bordado, Corsário e Nativo. São alguns dos cavalos da época de minha infância e juventude na fazenda de Louveira.
Havia outros, mas elenca-los não muda o sentido da crônica que não é mostrar o tamanho da tropa, mas lembrar outro Brasil, de meio século atrás, quando era possível sair de Louveira e ir a Itupeva a cavalo, num longo passeio de várias horas, com a volta um ou dois dias depois.
Os passeios normais, as cavalgas diárias, eram muito curtas, levavam algumas horas entre a ida e a volta, suficientes para sairmos de manhã cedo e voltarmos com tempo para ir a piscina antes do almoço.
Também cavalgávamos de tarde, para ver o por do sol do morro da cabaninha. Um dos pores de sol mais bonitos que assisti até hoje e que invariavelmente era completado pela lua que iluminava nosso caminho de volta para a sede da fazenda.
Não havia preocupação com violência, nem com carros alucinados pelas pequenas estradas de terra. Saímos sem maiores preocupações porque sabíamos que não deveria acontecer nada fora do script, exceto um eventual tombo, mais ou menos sério, ou cruzarmos com uma cobra no meio da estrada.
Andar a cavalo, era assim que falávamos. Não cavalgávamos, andávamos a cavalo e isso compreendia um rol bem grande de atividades. Buscar a tropa de manhã cedo no pasto, os passeios comuns, os passeios longos, levar os cavalos no ferreiro, em Louveira, comprar burros perto de Campinas, brincar de mocinho e bandido, etc., tudo era andar a cavalo.
Hoje, não tem como chegar perto do que fazíamos. Nós mudamos, a fazenda mudou, Louveira e o Brasil mudaram. Sobrou a lembrança.
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