Livraria Cultura no corner
A notícia não poderia ser mais triste: a Livraria Cultura pediu recuperação judicial.
A Livraria Cultura é um ícone nacional. Suas lojas estão entre as mais belas do mundo, suas prateleiras guardam o melhor da literatura e dos livros, a atmosfera da loja do Conjunto Nacional tem algo de mágico, de encantado, como se os personagens das grandes obras – Aquiles, Dom Quixote, Narizinho, o Lobo Mau – interagissem com o público e quisessem saber mais do que acontece nas obras das quais eles não são parte.
Me lembro da Livraria Cultura quando eu era menino e o Cine Astor era o rei do Conjunto Nacional. Começou numa loja ao lado do cinema, depois ocupou as lojas em volta, cada uma com livros sobre um assunto.
Quando o cinema perdeu a majestade, Pedro Hertz, um homem de talento, assumiu a missão de fazer do espaço gigante uma das lojas mais bonitas do Brasil. A nova Livraria Cultura, a mãe das outras lojas que foram abertas em shopping centers, é um espetáculo que merece ser visitado, descoberto e desvendado.
A história da história do mundo está lá. A história do universo, a história da evolução do ser humano estão lá. As marcas deixadas ao longo do caminho, que nos diferenciam na natureza, estão lá. As provas de que a vida vale a pena estão lá.
E a livraria pode fechar!
Alguém já disse que nunca se publicou tanto e se leu tão pouco. As novas tecnologias permitem editar um livro a preço de banana. Os livros digitais estão aí. O resultado não é uma crise brasileira – a Livraria Saraiva também pediu recuperação judicial –, é uma crise mundial, que afeta editoras e livrarias em todos os países e que até agora não tem solução.
A única certeza é que a Livraria Cultura não pode fechar.
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