Toda arte é arte
Todo tipo de arte é arte. Por isso toda arte é válida. Quem sou eu para julgar o que é uma obra de arte ou definir os padrões estéticos que balizam as artes! Por isso aceito todas as experiências no campo das artes e, mais do que isso, me parece imprescindível que o artista tenha total liberdade para criar, de acordo com sua visão do mundo, crença, vontade e talento.
O que não é possível é o uso distorcido da arte. Por exemplo, alguns anos atrás decidiram fazer uma exposição completamente fora de contexto no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Um museu de arte sacra não é pensado para abrigar exposições com outro caráter, por mais refinada, maravilhosa e impressionante que ela possa ser. E no caso não era.
Também não é um local para agredir a religião como conceito, nem para expor uma eventual anti-religião baseada no escândalo. Também não cabe expor qualquer conceito personalíssimo do artista sobre o tema.
Existem outros lugares para isso. Neles, a exposição tem tudo para ser um sucesso, desde que seja entendida como arte ou tiver o chamado necessário para atrair o público.
O que não é admissível é usar ideologicamente o espaço público para enfiar goela abaixo do povo algo que não é arte camuflado de arte.
Toda experiência é válida. Toda manifestação deve ter seu espaço. Não vamos esquecer que a Semana de Arte Moderna aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo e que ela foi vaiada e diminuída por grande parte do público e da crítica, incluindo Monteiro Lobato.
Da mesma forma que o artista tem o direito de mostrar sua arte, o cidadão tem o direito de gostar ou não. E mais, no caso de não gostar, tem o direito de sair. Ninguém é obrigado a gostar ou entender tudo. Cada um é cada um. Cada um sabe de si e do que gosta. O importante é ficar com o seu, mas respeitar o gosto do outro, ainda que sendo o oposto do nosso.