Gente que faz
Tem gente que faz, gente que finge que faz, mas não faz, e gente que faz mais ou menos, o célebre “meia boca”, que, invariavelmente, acaba sendo pior do que não fazer.
Cada um sabe de si e não sou eu que vou julgar os outros. Sou advogado por opção. Então, por temperamento, defendo as pessoas e, se for meu amigo, aí a defesa é incondicional. Amigo meu não faz nada errado, nada feio, nunca é culpado. Quer dizer, quase nunca.
Se eu erro e peco, como vou me meter a julgar quem pode ser muito melhor do que eu?
Mas o tema é gente que faz, que entra de cabeça nas paradas da vida e se dispõe a carregar o piano sem medo da subida, até quando a ladeira é a Ministro Rocha Azevedo.
Eu sei que é humano, por isso não me cabe falar nada sobre quem, chegando no pé da subida, dando apoio moral aos que carregam o piano, fica cansado só de olhar o tamanho da montanha e, antes de dar o primeiro passo, arruma uma desculpa para não subir. “Preciso salvar o pai da forca”, “Preciso tirar minha mãe da fogueira”, “Meu cachorro tem asma”, etc.
Mas tem gente que faz porque gosta de fazer ou porque acha importante fazer. Tanto faz, o importante é que fazem e fazem bem feito. E isso faz a diferença.
Tem gente rica que faz a diferença, tem gente não tão rica que faz a diferença, tem gente pobre que faz a diferença, tem gente muito pobre que faz a diferença. O CEO não é melhor do que o faxineiro. O CEO é hierarquicamente superior. Isso não o faz melhor, nem mais competente.
A mesma regra se aplica a quem faz o bem, quem entra de cabeça para fazer o mundo um lugar melhor. O importante é fazer, cada um dentro de suas possibilidades, para de noite dormir o sono dos justos.