Zé Nogueira partiu
A música brasileira está de luto. Um dos seus maiores nomes decidiu mudar de endereço e a partir de agora tocar com os anjos e reinventar a melhor forma de se fazer música.
Perde a terra, perdem seus amigos, perde a boa música que, com a partida de Zé Nogueira, fica mais pobre e mais esquecida.
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Zé Nogueira conhecia música como muito pouca gente em qualquer lugar do mundo. Conhecia os compositores, os músicos, arranjadores, técnicos de som, todos os envolvidos com a arte de fazer, criar, arranjar, tocar, gravar e distribuir música.
Muito do melhor do que temos por aí só existe porque, em algum momento, o dedo mágico, o talento impressionante, a competência e a visão de Zé Nogueira deram o empurrão essencial no compositor, no cantor, no arranjador, enfim, na música, que era parte natural da sua vida.
Como o ar que os mortais respiram, a música era fonte de vida para um dos homens mais doces, mais amáveis, mais amigos e mais leais que Deus colocou nesta terra.
Zé Nogueira era a síntese da soma de grande parte das grandes qualidades que fazem de um ser humano um Homem.
Homem com H maiúsculo. Alguém com caráter, dignidade, firmeza, crença nas suas crenças, lealdade acima da coragem e coragem acima de tudo na defesa de seus amigos e de suas posições.
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Mas ele fazia isso tudo com carinho. Seus olhos tinham a profunda ternura dos que sabem como a vida é, ou pode ser, e que ela é dura e boa ao mesmo tempo. O importante é aceitá-la e tentar fazer hoje melhor do que ontem.
A partida de Zé Nogueira abre um claro na música brasileira. Mas abre um claro muito maior, na saudade que fica no peito de seus amigos.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.