Homenagens e vaidades
Quantas vezes por dia você se lembra de Ramsés, o grande faraó egípcio que construiu um dos mais impressionantes edifícios da história da humanidade?
Quantas vezes você se lembra do Senhor Eiffel, que deu seu nome à torre mais famosa do mundo? Ou de Américo Vespúcio, que foi além e deu seu nome a um continente?
Você se lembra de George Washington, Montezuma, Ermelino Matarazzo, Edu Chaves, Elizabeth I ou Rainha Vitória quando está dirigindo? Quando bebe um conhaque, liga o nome ao imperador francês?
Pois é, se você não se lembra deles, por que se lembraria de quem foi Rubem Berta, André Rebouças, Líbero Badaró e centenas de outros nomes gravados nas placas de rua da cidade de São Paulo?
Nesse ponto, Paris é mais inteligente. Debaixo do nome do homenageado está escrito quem foi. Por exemplo, Rue Camões, poeta português. Place François 1, Rei da França, etc.
Aqui nem os nomes são escritos direito, na ordem dos nomes portugueses. O resultado é uma tremenda bagunça como José Mesquita virando José Vieira, a Condessa de São Joaquim virando São Joaquim, Zequinha de Abreu virando Zequinha, a Rua Augusta sem sobrenome, o Major Quedinho sendo um ilustre desconhecido e por aí vamos, numa barafunda sem tamanho, sem lógica, sem respeito e sem consequências, exceto o completo desconhecimento de quem foi o homenageado ou ao menos de uma vaga ligação entre o nome da rua e a homenagem que foi prestada.
Como disse Jesus: que os mortos enterrem seus mortos. Ou como queria Manuel Bandeira: ser completamente esquecido. Não adianta sonhar com mais que isso. Pouco tempo depois da homenagem, essa é a realidade.