Eu te amo
Eu te amo com a profundidade do azul do céu de outono. Com a leveza da brisa que traz o cheiro da terra molhada. Com a constância dos rios que passam debaixo das pontes.
Eu te amo com a intensidade da lua cheia revelando a estrada de prata que atravessa o mar. Como as aves cantam, como a vida floresce no começo da primavera.
Eu te amo quatro vezes quatro, vezes quatro, vezes todas as vezes elevadas à quarta potência.
Eu te amo infinitamente, diuturnamente, acordado ou dormindo. Eu te amo na vida e nos sonhos. Te amo permanentemente.
Leia também: O fim da alegria, o fim da poesia
Eu te amo como o trote macio de um cavalo numa estrada de areia. Te amo como um touro bravo que vê um pano vermelho. Te amo como o toureiro.
Eu te amo no sol, na chuva, no claro e no escuro.
Vejo você na gota de orvalho e no pingo da chuva. No granizo, no floco de neve, nas estalactites que enfeitam as cavernas.
Sigo você nos portolanos, nos mapas, pelo GPS. Sei de você pelo voo das águias, pelo canto dos sabiás que me contam onde você está.
Descubro teu corpo como os bandeirantes varavam as matas, subiam as serras e plotavam os vales.
Leia também: Eu não tenho saudades, tenho boas lembranças
Te encontro em velhos roteiros que falam do tempo, nas marcas de teu corpo, nas pequenas cicatrizes.
Eu te amo completamente. Pelo direito e pelo avesso. Te amo de olhos fechados, no salto no escuro, ao cruzar o portal que esconde os segredos da vida. Em toda parte, eu te amo.
Apenas isso. Eu te amo. E o ar que eu respiro tem teu cheiro e água que eu bebo tem teu gosto. Você é o começo e o fim e os mistérios do meio.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.