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A vida humana não vale mais nada

 

O Brasil conseguiu reduzir em 22% o número de homicídios. O dado é do Ministro da Justiça, portanto, merece credibilidade. É um número para ser comemorado. Mas é um número que as notícias apagam, diante dos fatos publicados dando conta de toda sorte de barbaridades.

Crianças assassinando outras crianças. Pessoas de bem tentando matar outras pessoas de bem. O trânsito levando ao descontrole por causa de pequenas infrações ou menos do que isso. Encontrões sem pedidos de desculpa nas calçadas. Gente entrando nos elevadores e fechando a porta sem esperar os que estão chegando.

Um “bom dia” solto no corredor do prédio quase causa pânico. A cara de espanto parece perguntar “bom dia por quê?”

As pessoas estão irritadas. Ninguém mais tem paciência para nada. Ou é já, ou é já. Qualquer demora, até a lógica, é inaceitável. Agora é já, não é daqui a pouco.

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A fila de motoqueiros nas marginais é o melhor exemplo. Você invariavelmente não consegue mudar de faixa porque te espremem de propósito. Algumas situações ficam evidentes na redução da velocidade para ficar ao seu lado e não permitir que você mude de faixa.

As pessoas olham umas as outras com ar de desafio, com raiva nos olhos. Como se cruzar na rua fosse desafio para o duelo do OK Curral.

Se alguém dá passagem ou levanta do banco do ônibus para alguém mais necessitado sentar é visto como bobo.

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O tempo é de levar vantagem. Se outros vão se dar mal, o problema é dos outros. O importante é chegar lá, tanto faz o preço.

Está errado! Está profundamente errado! As pessoas de bem são a imensa maioria. Não é possível continuar vivendo assim. É mais que hora de um mínimo de boa vontade e compaixão retornarem ao mundo.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.