Os pássaros em São Paulo
Durante muitas décadas, para não falar de séculos, porque a história ficaria muito comprida, o campo e a mata foram os lugares ideais para os pássaros. Faz algum tempo que esta realidade mudou, pelo menos na cidade de São Paulo.
Atualmente a capital é muito mais interessante do que qualquer mato ou campo para um pássaro morar. E a razão é simples: a cidade é muito mais generosa, mais amigável, mais civilizada, mais protegida e mais várias outras coisas, que têm o efeito de trazerem os pássaros para cá, em vez de continuarem vivendo no interior.
No mato e no campo uma ave tem que ir atrás de alimento. Seja procurando uma árvore frutífera, seja caçando, ela não tem escolha: ou encontra alimento ou morre de fome.
Na cidade a vida é muito mais fácil. Não tem saco de lixo que não ofereça um banquete para a ave mais exigente. É só bicar um pouco, ciscar um pouco dentro dele e pronto: o almoço farto está garantido.
E a regra serve para pássaros de todos os tipos e tamanhos. Não são apenas os pequenos que se valem do expediente. Não, grandes gaviões tocam a mesma música. Procuram sacos de lixo, furam o plástico com seu bico afiado e começam a garimpar atrás do alimento que encontram fácil, sem necessidade de stress e em grandes quantidades.
Mais vale um belo saco de lixo ao alcance do bico do que dois ovos num ninho protegido pelos pais. Entre secos e molhados, São Paulo, hoje, tem uma população de penas capaz de fazer inveja à mais rica floresta tropical do planeta.
Sabiás, gaviões, tico-ticos, bem-te-vis, sanhaços, anuns, rolinhas, almas-de- gato, quero-quero, por aqui voa tudo e pelo jeito vai voar mais.