O importante não é ser, mas fazer
São Paulo é uma cidade curiosa. Desde os primeiros tempos recompensa quem faz, desde que faça bem feito. Na origem da vila quinhentista está João Ramalho. Sem ele a história teria sido outra. Provavelmente Martim Afonso de Souza não teria subido a serra de Paranapiacaba em 1532, nem o padre Manuel da Nóbrega teria apoio para fundar a primeira escola jesuíta em agosto de 1553.
Quem era João Ramalho? Ninguém sabe ao certo. O que se sabe é que, antes de vir ao Brasil, fora casado em Portugal. Como veio para cá e porquê ninguém nunca explicou direito.
Mas, sem ser nobre ou amigo do rei, não só participou da fundação das 4 primeiras vilas brasileiras, como consolidou a presença dos europeus no Planalto de Piratininga, a mais importante porta de entrada dos portugueses para conquistar o interior do continente.
Sem ser nobre ou amigo do rei, garantiu ao rei de Portugal o ouro das Minas Gerais, de Mato Grosso e de Goiás, 100 anos antes das minas serem descobertas. A ocupação do Planalto de Piratininga para, juntamente com os tupis, capturar outros índios, que eram vendidos para os navios que chegavam com as tripulações dizimadas pela travessia do Atlântico, foi a chave que abriu o sertão da América do Sul e deu para Portugal mais 4,5 milhões de quilômetros quadrados para aumentar o tamanho do Brasil.
A cidade gostou do exemplo do fundador. E dos bandeirantes e tropeiros. Por isso, até hoje São Paulo reconhece e recompensa quem faz. O importante é lutar pelos sonhos e criar Eldorados. Quem deita em berço esplêndido e deixa a vida passar, normalmente, em São Paulo, perde tudo e acaba esquecido muito depressa.