Quem foi Oscar Freire?
Quem foi Oscar Freire? Você não sabe, nem eu. E, no entanto, é este cidadão que pouca gente sabe quem foi dá seu nome à uma das ruas mais caras do país.
Você não acha estranho não saber quem foi Oscar Freire? Então responda: quem foi Bela Cintra? E Haddock Lobo? E O padre João Manuel? E Peixoto Gomide?
Meu pai dizia que não é parte da natureza humana se lembrar muito do passado. Que a prova viva disso era quantos minutos por dia cada pessoa pensava em Queóps, o grande faraó egípcio, construtor do maior túmulo do mundo, feito para não ser esquecido, em toda sua glória e sua pompa.
Indo além, quantas vezes por dia você pensa em Apolo, ou em Minerva? Os dois foram deuses e estão mortos, como Baal, Osíris, Tetis e tantos outros deuses eternos e poderosos, mas que hoje estão mortos e completamente esquecidos.
Ah, a vaidade humana. A pretensão de se perpetuar, num nome de praça, numa placa de inauguração ou até num túmulo de cemitério.
Quantas pessoas passam por centenas de lugares e simplesmente não têm idéia de quem foi o dono da homenagem.
E não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Quantas pessoas sabem quem foi D. Manuel o Venturoso, rei de Portugal na época dos descobrimentos? Quem sabe que Luiz 14 ergueu Versalhes?
A perenidade é só um sonho. Não tem base concreta nem na natureza. Quantas montanhas não existem mais? Quantos oceanos, hoje, são desertos? Quantas espécies já deixaram de existir? Não espere muito. A decepção com o esquecimento pode ser grande.