Tasquinha do Oliveira
Évora é cidade de reis e, no entanto, não tem nenhum palácio comparável aos grandes edifícios reais que são parte da paisagem de bom número de cidades da Europa.
Évora tem igrejas, conventos, monastérios, palácios de nobres, casas assobradadas, mas não tem um palácio real comparável aos de Versalhes, Londres, Berlim, ou mesmo Madri.
Durante séculos os reis de Portugal preferiram Évora a Lisboa. Moravam mais na cidade do Alentejo do que na Capital, mas nunca construíram um palácio de proporções realmente grandes, sendo que D. João VI quando morou lá, morava num convento.
Portugal é um país fascinante. Com pouco mais de um milhão de habitantes, entre 1412 e 1550 abriu o mundo para a Europa e construiu um dos mais extensos e bem sucedidos impérios, sendo a última nação europeia a devolver sua derradeira colônia – Macau, que foi devolvida a China, contra a vontade de seus habitantes, depois de Hong Kong.
Mas se Évora não tem palácios, nem a megalomania das grandes cidades europeias, tem a dimensão humana de Portugal, com tudo de doce e próximo que aquele país transmite a quem o visita.
Entre as grandes contribuições de Évora para o equilíbrio entre as pessoas está um restaurante que segue a tradição real portuguesa. Tem duas mesas para quatro pessoas e duas para duas pessoas.
Quem serve é o dono, quem vigia a cozinha é o dono, quem conversa com você é o dono. Quem diz o que comer é o dono.
Em outras palavras, o cliente é o rei no reino do Manuel, o proprietário da Tasquinha D’Oliveira. Se Évora vale a visita, a Tasquinha põe valor na viagem. Lá se come como só se come em poucos lugares.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h