A igreja do Embu
Eu conheço a igreja do Embu desde o tempo que o Embu era o Embu e não o “Embu das Artes”, que lhe acrescentaram depois. Perto da idade da cidade e da igreja em particular não é nada, mas volta a uma época em que ir ao Embu era um prazer, porque a cidade era calma como as pequenas cidades do interior, o que ela era.
A igreja na praça tinha um encanto todo especial, com suas linhas muito simples, que, na época, eu não sabia, era a marca registrada das construções coloniais paulistas.
Cercada de casas tão simples e sem enfeites como ela, a igreja falava de outro tempo, naquele tempo já fora do contesto, e que em pouco tempo seria responsável pela mudança fulminante da cidade.
Por ser calma e ter características de cidade o interior, com sua igreja e sua praça, o Embu atraiu primeiro artistas e, depois, antiquários, que enriqueceram a cidade com suas lojas e seus objetos, alguns realmente lindos, e, na época, baratos.
Aí a coisa complicou. Por ser barato, o Embu foi vítima da terrível fase da favelização. A cidade virou cidade dormitório e ficou violenta e perigosa, perdendo suas principais características de calma e paz.
A igreja continua lá. Bela como sempre, simples como quando foi erguida pelos jesuítas que ganharam aqueles chãos de presente de um outro Fernão Dias Paes, tio do caçador de Esmeraldas.
Seu largo continua o mesmo velho largo simples de uma cidade do interior, mas, confesso, faz tempo que não vou ao Embu. A cidade que cresceu em volta da cidade da minha juventude me assusta e por isso, há anos, não visito sua igreja, nem caminho pelas ladeiras em volta. Sinto só saudades.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.