Dias de sol e névoa
O inverno se caracteriza pela névoa. E pelos dias secos, com sol, mas frios. Faz parte do desenho, não adianta querer fugir. Pode furar um dia ou ouro, mas em algum momento a névoa vem, pega pesado, segura os helicópteros no chão, fecha os aeroportos e cria cenário de filme de ficção científica no horizonte da cidade.
São Paulo fica mais bonita? Não sei. Fica diferente. Estranha e ao mesmo tempo acolhedora. Principalmente se o sol começa a nascer, coberto apenas pela névoa, num céu sem nuvens.
A névoa pega mais de manhã cedo. Quando ainda está frio e a sua formação não tem nenhum senão, imposto pelo sol.
O sol não gosta de dividir suas belezas e seus espaços. E ele imagina que o planeta inteiro é propriedade sua.
Por isso, fica bravo e tenta aquecer mais rápido, para evitar que a névoa chame a atenção do povo, na hora do rush.
Para ele, o azul dos céus de inverno deve começar antes da primeira hora, criando a moldura para seu quadro principal: o sol brilhando na manhã fria, que nem com ele esquenta muito, forçando as pessoas a se agasalharem antes de sair de casa.
Cada raio que chega apaga uma camada de névoa. E nesta briga diária ganha quem tem tempo para olhar o céu e ver o sol vencer, porque não pode haver outro resultado numa briga tão desigual.
O céu é do sol. Dele e demais ninguém. O resto é marketing, ou generosidade do astro que se faz de democrata, porque sabe que manda, e que ninguém tem nada com isso.
Bom quase nada. Na medida em que um cometa desembestado pode bater na terra e acabar com a brincadeira.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.