O pedestre não respeita o pedestre
Respeitar o pedestre é dever de todo motorista. E deveria ser dever de todo pedestre, também. Mas não é. Curiosamente, o pedestre não se respeita. O resultado é um número imenso de pedestres vítimas de acidentes de trânsito. Parte por culpa exclusiva dos motoristas, mas parte, e parte importante, por culpa dos próprios pedestres.
A começar pelo mais absoluto desprezo pelas faixas de pedestres, os pedestres brasileiros seguem em frente, em qualquer lugar que lhes dê na telha atravessar.
Atravessam e ainda fazem cara de bravo se você não para. Para eles, todos os lugares são deles e os carros que se danem. Pode mais quem chora e menos. Infelizmente só fica claro que o carro é mais duro depois da batida, quando o pedestre fica estendido no chão, machucado, morto ou assustado.
A tranquilidade com que não respeitam nada, nem ninguém, chega ao absurdo de cruzarem as pistas pulando os muros que existem justamente para impedi-los de fazer isso.
Fazem. Da mesma forma como cruzam as faixas das Marginais. Para o bom e alucinado pedestre brasileiro, correr a pé na contramão da 23 de Maio é treino para Maratona.
Ele não tem medo. Nada o afasta de seu caminho. Nem mesmo a passarela construída bem em cima de onde ele gosta de usar para cruzar a avenida.
Pra que subir a passarela, se com um pouco de jeito e alguma coragem é mais fácil cruzar em baixo, pelo meio dos carros, esperando que os motoristas brequem, em nome da civilidade perdida? Enquanto o pedestre agir como age, ele e o motorista são do mesmo calibre.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.